quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A buzina apressada que nos desvia os olhos da beleza que caminha em paz
É a mesma que nos faz acelerar o passo e perder o ritmo do que ouvimos, do que somos.
Pra partir correndo, voando
Ganhar tempo, perder a cabeça
Produzir alguma coisa nos entretempos, nos poucos espaços.
Produzir, produzir, produzir
Nem que seja um grande monte de merda numa privada que nem é bem nossa.

Cabe a mim um corpo trêmulo
Uma ânsia que não consigo entender bem.
As mãos paralisadas, depois dos gestos
Eu sofro as consequências de um tempo que deixei passar
Olho fixo para uma parede que construí e que me separa um pouco do real.
Me movo com certo sacrifício, me distraio facilmente
- Isso é próprio de quem anda assim, depressa demais

Tenho nas mãos ideias que coloco na cabeça por uma única fenda.
As ideias me voltam às mãos
As mãos nunca param vazias
As mãos não bastam então
Repito um deixar cair/juntar infinito.
Me canso as costas
Me sinto velha, alguém diz 'não'.

Tenho no peito um coração de pano inchado e encharcado de sangue e suor
Não murcha, não seca
Corro pra casa para assistir a cor do sol se pondo no céu desse dia que perdi
Opressão de sair, opressão pra ficar
Transito por diferentes compartimentos
Ponho a cabeça pra fora pouquíssimas vezes
- Penso ser a superfície, me engano.

Abro a janela de novo
E rego - por hábito ou distração
Uma planta que já está morta.


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