quarta-feira, 10 de novembro de 2010

a uma ausência [também minha]

Deixei essa TV chata me fazer companhia, mas ela não foi materna o suficiente para me fazer dormir. A solidão é um direito de todos. Gostar dela ora sim, ora não, também.

Término de um livro divertido e tenho o pensamento num amanhã que já me cansa as pernas. Minha cabeça viajou / continuou a viajar e fui fundo. Entrei na tristeza para – de bem lá do fundão dela, sair.

Estás ausente, amigo. E abro essa caixa como uma foliã que revê as fantasias de carnavais que já brincou. Reabro depois de quem sabe meio ano, depois de muito resistir a fazer isso. Cartas, dúzias delas. Teus garranchos, teus erros na máquina de escrever. Faz tanto tempo... faz eras. Dois mil e nós, porque nosso tempo tinha medidas próprias.

Sofro dentro dessa minha boca calada que pretendia um grito.

Choro de soluçar e não te vejo nem em sonho. Te imagino. Nos vejo ontem, pequeninos, literários, beberrões.

E volto a sofrer, Conjugação da Ausente.

Sigo tua poesia em pensamento. Conservo os rascunhos de tudo que não dissemos em anos.

Sou tola, amigo. Tu estás aqui.

Meu pensamento muda de canal e rio de pronto, lembrando dos distantes momentos que dividimos, brincando num pátio, depois de grandes...

Ou eu tentando abrir os olhos em uma manhã de ressaca e tu (JÁ) falando em Mario de Andrade.

Um furo de cigarro. Cigarros!

Rezo que lembres. Lembras.

Dos instantes

Dos instantes

Dos instantes.