quinta-feira, 31 de julho de 2008

MRUV

Um turbilhão de palavras por dizer,
Uns passos falsos a seguir meu próprio rastro, juntando pistas.
Um silêncio incômodo entre apagar a luz e ir embora,
Uma porta entreaberta depois de batida,
Um escapar de luz na soberania do escuro,
A força do passo
Sempre honesto, sempre burro
E a indecisão entre o livro, a garrafa e o Rock.
Riso bobo,
Face rosa,
Um novo desejo
Que também não me convém.
Um pisar cuidadoso num assoalho que geme,
Trabalho dobrado,
Esforço à toa,
Sorriso gasto,
Cérebro frito,
Mãos assanhadas,
Pernas fugidias
E minha boca vai calar isso tudo num beijo infantil.
Tola
Como sempre, como todas...
Nem todas as cartas de amor valem a pena,
Algumas fotografias não serão jogadas fora,
Outras muitas serão engavetadas e irão feder feito um bicho morto.
Um gosto doce que acaba,
Uma mordida de maçã
E sendo assim já tão bizarro o convívio comigo mesma,
Tu vês,
Faço pose de medalha no peito vitorioso
De quem nem sabe jogar.

domingo, 6 de julho de 2008

OUTRAS HISTÓRIAS

A história que fica suspensa entre o que aconteceu e o que poderia ter sido,
Do que é indefinido, inacabado ou que é desfeito.
A história de quando se perde o fio da meada,
A rima, o traço, o passo,
De quando se perde a compostura.
A história de quando já não temos mais lugar dentro da normalidade,
Dentro do que o sofrer permite.
Essa história que fica pelos ares, querendo ser contada,
Que quer ser apagada ou recomeçada
Como uma forma de certeza, quem sabe.
A história que é feita de pedaços de fatos,
De cortes de falas,
De pares de versos
Onde ela própria jamais caberá...

Essa história vai se esvaindo,
Não como mágica, como encanto.
Ela vai simplesmente se cansando
E já não quer ser contada de novo,
Vivida de novo.
Ela não quer, simplesmente não quer...
Caber dentro de outra história,
Dar passo para outro caminho
Que terminar em sua estrada.
Ela não quer, simplesmente não quer...

E tudo que é dor, que é rancor
Ou mesmo brilho que seja dela,
Que fique nela e somente nela...
Que não fuja por entre frestas de portas,
Por entre soluços.
Que fique ali no seu lugar, como em uma vitrine:
Ao alcance dos olhos mas impedida de entrar em outras histórias.

(escrito em fevereiro de 2007 e eu faço minhas as minhas próprias palavras, sem tirar nem pôr)