sábado, 25 de agosto de 2007


A chuva me dá a preguiça que eu gostaria de assumir muitas vezes.
Eu finjo culpá-la, mas lhe sou grata até...tenho segredinhos com ela.
Sonoplastia que eu gosto essa...delicioso descompromisso com a vida.
Eu sei que é apenas chuva, mas em mim, surte um efeito assim, de arrombamento.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Ladro mas não mordo

Meus olhos pararam, até parei de mastigar; é como se eu estivesse despertanto para algo que me desilude.
Desagradável notícia se pôs à minha frente, dita por minha própria voz.
Estranho ser eu mesma a mensageira e a receptora da tal notícia;
Pergunto se vai dar certo, eu mesma respondo que não.
Eu reclamo e me presenteio com um tapinha nas costas acompanhado de um "vai passar". Chato isso, né?
Procuro evidências, disfarço bem, afinal, não quero achá-las de verdade.
Minto. É feio, me ensinaram. E para si mesmo, conta? Ah, sobre isso não me falaram, não...
Tento proteger meus próprios sentidos da dor, falho na minha educação.
O entusiasmo ameaça ir embora quando faço um esboço de ser sensata. Pfpffpf...desastre eu.
Leio, releio, escrevo, apago, escrevo rasgo, amasso de acordo com a vontade de dar sumiço naquilo. A fotografia na parede que me tira o sono que me resta. Reboliço generalizado, um passo à frente, dois para trás. Estou sem moral perante mim mesma [ambas as "mins"]. Sento e espero. Espero recuperar o fôlego, espero uma solução, espero o tempo passar. É uma ingratidão, eu sei, começar o dia já assim, pensando em acabá-lo. Escrava do sonho.
O dia acaba e não saí um milímetro do lugar. Nem com má notícia, nem com evidências, os apelos não me comovem, efeito zero. Ancorei, não me pergunte com base no que, com que garantia, com que idéia. Ancorei neste lugar e pára o barco que eu vou descer e conhecer tudo! Já volto.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

desastrosas tentativas

Desastrosas tentativas de um encaixe perfeito
De lembrar de um sonho,
De fixar na mente aquela imagem ali da parede
Escrever a melhor palavra, a melhor rima
Onde possa caber um instante de canção
Para que não me escape dos ouvidos nem das mãos
Nem dos olhos risonhos
Esse quadro de jardim ao Sol
Jardim onde piso descalça e às tontas
Não sei enfileirar meus passos, desculpe...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

O mar...o tempo-mar [deixando ser como será]

A ressaca traz para a beira tudo o que era remar
Os passos, os traços, os nomes
De quem não pode navegar e fica assim, a olhar...
Quem é que conhece os segredos do mar?
No horizonte nublado, o peixinho a saltar?
Quem sabe, além dele, o que guarda o lado de lá?
O lado onde não dou pé, onde não consigo chegar.
O peixinho me olha e diz: vem!
Se a onda o leva embora, fica quem?
Peixinho azul, tarde de sol,
Mas o cinza cobre, a nuvem pára pra chover
E o mar, revolto, se afoga em si...
O que a onda levou a areia não verá,
E o que restar por ali, ali vai ficar.
O mar, no compasso do tempo, há de acalmar;
O mar leva tudo, sinto medo de entrar...
O peixe tem medo do aquário
Como a areia do inverno tem medo do mar.
O mar vai voltando ao sossego
E o tempo lhe diz pra deixar...deixar...
O mar leva embora o instante, o sorriso
E o peixinho a saltar;
O mar não me cabe, me sinto chorar
Borra a palavra na areia, a areia me foge das mãos
E fica um olhar de silêncio perdido no chão
Porque o mar leva tudo mas fica a canção...