segunda-feira, 24 de março de 2008

Português IV

Deixa a vida ser assim descompassada
Não me canse os tímpanos nem as artérias
Deixa-me cá com meus movimentos marcias
E pensamentos marcianos
Sobre a morte do que não tenho.
Deixa o mundo e o Sol lá fora
Ser um problema de outro Deus
Ao qual eu eventualmente também possa pertencer
Por segurança
Deixa eu ligar o mute pras vozes internas
Para os cansaços alheios
E para os problemas de marca maior
Por hora
Que em troca, deixo meu coração aberto feito alvo
E pronto [de novo] para ser Senhor absoluto de tudo
Com um Grand Finalle, de Abre-Alas
Olha: faço algum sentido de trás pra diante!

Brigas já não me importam
O tempo já não me basta
E esse retro-projetor aí na frente me dá um sono...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Tu não decifras sequer meus segredos mais clichês, desses já contados em alguma canção de amor. Enquanto alimentas teu medo, eu tenho é essa pressa sofrida de viver e vou vivendo assim, toda errada, barulhenta. Diz-me pra não gritar, pra não te ofender e nem sei mesmo por que insisto nessa briga inútil; é como se eu quisesse que as paredes se partissem e que o Sol, enfim, te despertasse para o óbvio!
Ergues-me os olhos em fúria, me calo pensando ter sido ouvida, ter causado efeito, que nada: continuas surdo e impaciente demais pra pensar. Nada acontece. Quase fico rouca, quase caio e sigo redundante, falando um grego que nem grego entende.
Então, sem psicologia nenhuma, sem podas, me despeço com saudações de capitão, te velo rindo de canto, rindo de mim...
Pra que ficar sorrindo à toa
Se a tristeza é o bonito da pessoa?
É sinal, bom sinal
De que ela vive e vê
Que o mundo arde em chamas
Enquanto ela sorri
Para as visitas,
Para os clientes,
Para os inimigos.

Ora, respeite a minha carranca!