terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ao pai



És meu pai nas entradas de uma testa grande,
Nas canelas brancas e nas mãos gigantes,
És meu pai na birra e na gengiva que se mostra inteira rindo,
Na parecência com minha mãe – tuas escolhas.
És meu pai da fome e da comida em exagero,
Da minha sempre magra presença - aos teus olhos.
És meu pai nos homens que me amam, que me precisam, que me torturam,
És meu pai em cada vez que escrevo coisas longas demais,
Em cada rasgação de seda e nos pés pelas mãos.
És meu pai na vontade de servir e na vontade de dormir,
Pai da pequena que precisou te enxergar 
Pra conseguir ler o discurso de 'formatura', aos seis anos.
E pai da mulher de quase trinta que precisa sumir de ti pela paz mundial.
És pai na maior das minhas paciências 
Em esperar que tu conserte alguma coisa que eu jogaria fora
E meu pai no exagero de coisas que eu guardo
És meu pai e te reconheço
Nisso que há de mais feminino em mim:
Minha loucura.


2 comentários:

Unknown disse...

Ana, dei uma marejada com essas coisas tuas e do teu pai.

Ana Pree disse...

Só de ter lido, já fico bem feliz! Tô muito bem de leitora!